Ciências & Histórias

quarta-feira, março 28, 2007

E a Ciência?



Bertrand Russel diz que “a filosofia começa quando alguém faz uma pergunta de caráter geral, acontecendo o mesmo com a ciência”. Conclui que, tais como as conhecemos hoje, a filosofia e a ciência têm suas origens marcadas pela antiga civilização grega. Curiosos acerca da natureza em termos racionais, os filósofos gregos se esforçaram em construir um conhecimento sem recorrer à religião e aos mitos.

Mas e hoje? Como a ciência se apresenta? Quais são seus objetivos e meios? Afinal, do que estamos falando quando dizemos “ciência”?

Para Kneller, o objetivo final da ciência é fornecer uma explicação completa que estabeleça uma ordem na natureza, através da formulação e comprovação de teorias científicas que expliquem os aspectos particulares desta ordem existente. Kneller define uma teoria científica como um conjunto de enunciados que descrevem a natureza de um determinado fenômeno e seus processos. Este fenômeno é visto como possuidor de uma ordem mecânica oculta, cujo funcionamento é possível de ser encontrado checando se os fatos ocorrem como a teoria previu. Quando a teoria é plenamente confirmada, diz-se que a ordem que ela postula é real.

A maioria das teorias é proposta a partir de uma determinada tradição de pesquisa. Na verdade, são as grandes teorias que servem como base para o surgimento de tais tradições. Uma tradição de pesquisa é uma sucessão de investigações empreendidas por uma quantidade de cientistas, utilizando um conjunto de pressupostos gerais. Uma determinada tradição de pesquisa especificará freqüentemente como os fenômenos pertinentes devem ser investigados e como as teorias devem ser construídas para explicá-los.

Assim, uma tradição de pesquisa estimula a criação de uma série de outras teorias. Uma teoria explica o comportamento de certos fenômenos dentro de seu campo, confirmando alguns dos pressupostos da tradição, ao mesmo tempo em que pode formular novos pressupostos mais específicos.

Segundo Kneller, grande parte da história da ciência ocidental consiste na formação, crescimento e declínio de sucessivas tradições concorrentes e complementares de pesquisa. Este autor aponta que as tradições de pesquisa evoluíram em três caminhos principais: criando novas teorias, alterando seus pressupostos e unindo-se a outras tradições. Afinal, é através da criação de teorias que se forma uma tradição e esta tradição poderá gerar uma surpreendente gama de implicações, seja a favor da própria tradição, seja em sua modificação.


Referências:

KNELLER, G. F. A ciência como atividade humana. 2 ed. Rio de Janeiro:. Zahar, 1980.

RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

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