Ciências & Histórias

segunda-feira, outubro 06, 2008

A Lacuna Explicativa II

A objeção da lacuna explicativa aparece como uma objeção de princípio: não são as ciências da mente em seu atual estado que se encontram incapacitadas para fornecer uma resposta às questões concernentes à consciência, mas mesmo a neurociência completa seria incapaz de encher o abismo existente entre os dois lados.

Em toda esta discussão, vemos que a questão da lacuna explicativa traz em si uma retomada da dificuldade de reduzir os processos mentais conscientes em apenas estados físicos cerebrais. Esta retomada do problema mente-corpo traz em si a controvérsia existente entre os dualistas e os materialistas. Enquanto o pressuposto da irredutibilidade dos estados e processo mentais conscientes se apresenta como um ponto de sustentação para teorias dualistas, o mesmo pressuposto parece apontar para um limite das concepções materialistas, que agiria como um desafio apenas a ser superado com o tempo (Kaufmann, 1999).

Aqui, chegamos num impasse diante da insustentável tentativa de demonstrar que a explicação do mental é, por princípio, irredutível a explicação de um aparato físico, ao mesmo tempo em que as explicações dos fenômenos mentais que concebem tudo como pertencente ao mundo físico acabam deixando parece deixar de fora o essencial da problemática da consciência e da mente humana.

Segundo David Chalmers, a neurociência ainda não é capaz de proporcionar uma explicação plena da experiência consciente. Entretanto, numa posição otimista, ele considera que ainda podem oferecer bastante na construção do conhecimento sobre estas questões. Uma teoria estritamente física não seria capaz de transpor a lacuna explicativa entre o domínio físico e a experiência subjetiva, pois da perspectiva objetiva da ciência, o cérebro é relativamente compreensível, o que não ocorre com a experiência da vida mental privada. Essa situação é ilustrada pelo conhecido exercício mental do filósofo australiano Frank Jackson (1986).

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