Ciências & Histórias

terça-feira, outubro 14, 2008

Uma História de Lacunas

Ao fazermos um breve olhar sobre esta história da neurociência, fica nítida a existência de diversos paralelos existentes entre o desenvolvimento de diversos campos de saber, como a neurologia, biologia, medicina, juntamente com questões clássicas da filosofia, como a natureza da alma (ou da mente, ou da consciência), o problema do livre-arbítrio e a origem do conhecimento. De fato, ao tentarmos traçar uma história do surgimento da neurociência, também estamos traçando uma “história natural da alma”.
A interdisciplinaridade e o campo multifacetado que se apresenta sobre o assunto desafiam àquele que tenta fazer uma história deste campo. Se for feita uma aproximação a partir de uma perspectiva somente da história da medicina, ou de uma perspectiva da história da psicologia, ou da filosofia, o investigador provavelmente irá perder algum ponto importante que caracterize o campo ou que caracterizou no passado. Uma perspectiva restrita a um determinado campo irá conseqüentemente provocar a perda das conexões que poderiam existir ou com a física, ou com a filosofia, assim como com a psicologia.
Obviamente, este problema ou desafio não surge apenas ao pensarmos em uma historia da neurociência. Geralmente todas as ciências que possuem alguma forma de interdisciplinaridade apresentam esta dificuldade inicial. Entretanto, ao olharmos o atual estado do conhecimento da neurociência, logo nos deparamos com a questão da lacuna explicativa, como já apontado. E assim que deitamos nossos olhos um pouco mais atentamente sobre o desenvolvimento histórico dos conceitos acerca da relação entre mente e corpo (e conseqüentemente, cérebro), vemos que desde os primórdios, há uma tentativa de superar a lacuna explicativa. Na verdade, podemos levantar a hipótese de que ao observarmos as primeiras visões sobre o funcionamento do cérebro, a relação que se estabelece entre o corpo e a mente e a localização desta no corpo e a elaboração do problema mente-corpo, vemos que cada vez mais se acentua a lacuna.

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