Ciências & Histórias

segunda-feira, abril 16, 2007

Onde Nasce a Ciência?




Para Russel, filosofia e ciência surgem quando alguém faz uma pergunta de caráter geral. Para este autor, os primeiros que evidenciaram tal curiosidade foram os gregos. Ainda, a filosofia e a ciência, como as conhecemos, são invenções gregas. Segundo Sarton, a Ciência tem sua origem no momento em que o ser humano tentou resolver os inúmeros problemas da vida que enfrentava, sejam eles quais forem. Inicialmente, estas soluções eram apenas recursos, respostas temporárias e mal elaboradas para seus problemas. Mas, gradualmente, este conhecimento rudimentar foi sendo generalizado, racionalizado, simplificado, inter-relacionado e integrado. Mas diferente de Russel, Sarton vai considerar uma dificuldade de estabelecer um “berço” da Ciência. Este tipo de afirmação pode ser perigoso, pois muitas vezes a História da Ciência vem desmenti-la. Sarton compara as descobertas cientificas nos tempos modernos com o desenvolvimento “cientifico” ancestral. As descobertas simultâneas, ou seja, descobertas idênticas ou similares feitas aproximadamente ao mesmo tempo, por pessoas diferentes em lugares separados não é algo incomum nos tempos modernos, e suas circunstancias tem sido investigadas. Elas têm sido geralmente explicadas por um “ancestral” comum de problemas e/ou instrumentos; seus “descobridores” procuravam resolver os mesmos problemas, e estabeleceram seus pontos de partida suas inspirações nas mesmas fontes e necessidades. Sarton considera que talvez possamos considerar que o mesmo ocorreu no passado pré-histórico. Para Sarton, a única diferença, neste aspecto, entre o passado distante e o presente é que no passado tudo ocorreu muito mais demorado do que agora, e hoje contamos estas simultaneidades em meses e anos, em vez de séculos.

Um bom exemplo disso é o surgimento da escrita. Vemos o desenvolvimento de uma escrita de forma simultânea entre os egípcios, os mesopotamicos e os chineses. E cada uma dessas culturas com uma escrita própria e peculiar.

Mas a partir deste tipo de discussão, outras perguntas surgem: O que definimos como Ciência? Qual a diferença entre a Ciência de hoje e a Ciência de ontem?
Falaremos um pouco mais disso.



quarta-feira, abril 11, 2007


De forma geral, há duas possíveis abordagens distintas de um trabalho histórico da ciência: Uma abordagem conceitual (interna, Internalista), que discute os fatores científicos, (por exemplo, as evidencias, fatos de natureza cientifica) relacionados a determinado assunto ou problema; e uma abordagem não-conceitual (externa, Externalista) lida com os fatores extracientíficos, (por exemplo, as influencias sociais, políticas, econômicas, fatores psicológicos da época). Para um trabalho completo, é ideal que o estudo faça uma abordagem completa de seu objeto: ou seja, que enfoque tanto o aspecto internalista quanto externalista do fato histórico estudado.

Segundo Lílian Martins (2006), o trabalho realizado no campo da Historia da Ciência, trata-se de um estudo metacientifico ou de segundo nível, uma vez que refere a um estudo de primeiro nível que é ciência. Ao mesmo tempo, a Historia da Ciência possui um caráter descritivo, que utiliza uma terminologia adequada, normalmente retirada da Filosofia da ciência. Entretanto, não deve ficar apenas na descrição, indo alem, buscando explicações e proporcionando discussões sobre as contribuições existentes, levando em consideração o seu contexto cientifico. Desta forma, Lílian Martins (2006) aponta que a Historia da Ciência apresenta uma metodologia própria, já que não é nem a metodologia da Historia e nem a metodologia da Ciência, tendo assim um estudo de natureza diferente dos dois anteriores.
De forma bem elaborada, Lílian Martins (2006) mostra que para fazer um trabalho em Historia da Ciência é necessário uma atuação teórica em diversos campos: conhecimento dos conceitos da ciência com a qual se está lidando; conhecimento histórico do período que está sendo estudado; conhecimento epistemológico; e, obviamente, um conhecimento da própria metodologia de pesquisa da Historia da Ciência.


Referencia:

Martins, Lílian Al-Chueyr Pereira (2006). História da Ciência: Objetos, Métodos e Problemas. Ciência & Educação, v.11, n.2, p305-317.

segunda-feira, abril 02, 2007

Objetividade na História?



O estudo histórico começa quando os homens encontram os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados. O historiador dispõe de certos meios científicos para alcançar conhecimentos e, além disso, se serve de certa sistematização, ou seja, põe em ordem os resultados obtidos pela pesquisa.
Alguns autores defendem que o objeto de estudo da História é a sucessão temporal: a História estuda os atos humanos sob o ponto de vista do tempo. Entretanto, até esta perspectiva de uma estudo objetivo da História através de um raciocínio cronológico é algo questionável – e que veremos outros dias aqui. Ao mesmo tempo, antes de definirmos a História como um método científico, devemos examinar um problema preliminar: a História é capaz de atingir a verdade?




O valor da interpretação histórica depende de argumentos objetivos, mas que a argumentação histórica difere, fundamentalmente, de uma demonstração matemática, a história não lida com abstrações, mas com fatos concretos: aí está a maior dificuldade. Ao mesmo tempo, a tarefa do historiador não se restringe a averiguar e registrar os fatos materiais do passado; consiste muito mais em entendê-los, ordená-los e interpretá-los. Ao estudar a realidade humana de outras épocas e ao patentear as relações existentes entre os diversos fatos históricos, ele perceberá cada vez mais que se entendimento do passado é condicionado por sua própria situação no tempo. Assim, o Historiador como tal não é capaz de julgar. Um julgamento implica necessariamente uma escala de normas, e elas transcendem os fenômenos. O historiador pode e deve descrever a origem, a evolução, a difusão e a morte de certos fenômenos do passado, observando sua força existencial e a repercussão que alcançaram no tempo e no espaço.