Ciências & Histórias

terça-feira, maio 16, 2006

Anatomia Da Índia Antiga


A prática cirúrgica requer um bom conhecimento em anatomia. De acordo com os antigos anatomistas indianos, o corpo poderia ser dividido em seis partes: as quatro extremidades, o pescoço e o tronco. Segundo o tratado médico do clínico Charaka, o corpo humano possui 360 ossos. Já Sushruta, o principal responsável pela organização do conhecimento cirúrgico da Índia antiga, registrou a presença de 300 ossos no corpo humano. Na verdade, os antigos anatomistas indianos incluíam os dentes, unhas, cartilagens, as proeminências e protuberâncias, o que pode ter levado ao alto número encontrado tanto pela atividade clínica definida por Charaka quanto pela atividade cirúrgica definida por Sushruta. Sabe-se hoje que o corpo humano possui 206 ossos.

Em relação aos músculos, Charaka aponta a existência de aproximadamente 500 músculos. Sushruta distribui estes músculos pelo corpo, contando 400 nas quatro extremidades, 66 no tronco e 34 na região acima da clavícula (no total, existem 212 músculos).

Em relação ao coração e seus vasos comunicantes, Charaka não adicionou muito ao que é sugerido no Atharva Veda [1], contando 200 “dhamanis” (vasos equivalentes às artérias) e 700 “siras” (vasos equivalentes às veias). Segundo Sushruta, os vasos artérias (dhamanis) e veias (siras) originam-se no umbigo.

Sushruta descreveu também 4 pares de nervos cranianos: dois nervos chamados “Nila” e “Manya”, situados ao lado da laringe, que quando danificados produzem perda ou mudança da voz; um par de nervos chamados “Vidhura”, atrás das orelhas associados com a audição; um par de nervos chamados “Phana”, situados dentro do nariz e associados ao olfato; e um par de nervos chamados “Apanga”, situados abaixo dos olhos, associados à visão.
Acima, uma represntação de como era a preparação dos corpos para dissecação, descritas por Sushruta e comentadas ontem (retirada de [3]).

Referências:
[1] O AtharvaVeda. Em: http://fotolog.terra.com.br/fscastro:8
[2] Rajgopal L, Hoskeri GN, Bhuiyan PS, Shyamkishore K. History of anatomy in India. J. Postgrad. Med. 2002;48:243-5. Em:
[3]Persaud, T.V.N. Human anatomy: Early History.

segunda-feira, maio 15, 2006

A Cirurgia na Índia Antiga


Embora a medicina na Índia antiga empregasse uma grande variedade se substâncias com o propósito terapêutico com objetivo de restaurar o equilíbrio das forças vitais (doshas) do organismo, existiam também outras medidas terapêuticas relacionadas com intervenções cirúrgicas. Conhecida como Shalya Tantra (literalmente “remoção daquilo que incomoda no corpo”), a prática cirúrgica foi descrita em detalhes no conjunto de textos Sushruta Samhita [1]. Sushruta é considerado o primeiro cirurgião indiano a organizar e discutir em detalhes sobre diversas intervenções cirúrgicas, tais como desobstruções do intestino, remoção de pedra na bexiga assim como técnicas de incisões, cauterização e extração de dentes. Além disso, Sushruta faz uma vasta descrição detalhada de diversas intervenções cirúrgicas plásticas do nariz (rinoplastia), assim como de tratamento de catarata.

O texto original de Sushruta discute em detalhes técnicas de como lidar com diversos tipos de tumores, ferimentos internos e externos, fraturas de ossos complicações durante gravidez e o parto. Foi o primeiro a desenvolver técnicas e cirurgia plástica, descrevendo, por exemplo, 15 maneiras diferentes para reconstrução nasal (rinoplastia). Em 1794, suas técnicas plásticas foram recuperadas pelo cirurgião italiano Tagliaacozzi. Por este motivo, Sushruta é considerado por alguns como o “pai da cirurgia”.

Seguindo Sushruta, uma boa formação do profissional na área da cirurgia requer familiaridade com as características do corpo humano. Neste caso, é preciso investigar a anatomia humana através da observação direta de cadáveres humanos. Em suas palavras, “Aquele que deseja adquirir conhecimento de anatomia deve preparar um corpo e cuidadosamente observar e examinar suas diferentes partes”. Nesse sentido, Sushruta recomenda a dissecação de corpos humanos no processo de formação do profissional. Entretanto, a dissecação era limitada ao estudo dos corpos de crianças de até dois anos, uma vez que a civilização indiana cremava todos os mortos com acima de cinco anos de idade).

Considera-se que a cirurgia na Índia antiga estava consideravelmente à frente das outras civilizações desta época. Na verdade, acredita-se que este conhecimento desenvolvido na influenciou diretamente a cirurgia egípcia, babilônica, arábica e grega possuem uma origem em comum na Índia.

Referências:
[1] O Sushruta Samhita e a Descrição da cirurgia na Índia Antiga
Em: http://fotolog.terra.com.br/fscastro:11
[2] Tewari M, Shukla HS. Sushruta: 'The Father of Indian Surgery'. Indian J. Surg. 2005;67:229-230.Em:
Em: http://www.vigyanprasar.com/dream/jan2000/article2.htm
[4] Das, S. Susruta, The Pioneer Urologist of Antiquity. The Journal of Urology Vol. 165, 1405–1408, May 2001.

sexta-feira, maio 12, 2006

Os Sabores e as Forças Vitais


Uma das principais formas para se estabelecer as características de uma substâncias era através de seu sabor. De acordo com esta perspectiva, os sabores podiam ser classificados de acordo com seis categorias: o doce, o salgado, o ácido, o amargo, o adstringente e o picante. É interessante notar que hoje se sabe que a língua possui receptores gustativos (papilas gustativas) sensíveis a 4 gostos diferentes: Doce, salgado, azedo e amargo.

Cada sabor agiria de forma específica em uma determinada força vital (doshas). O efeito terapêutico desta susbtância estaria associado ao equilíbrio de uma destas forças graças á ação de um determinado sabor. Dessa forma, a prescrição destas substâncias estaria calcada em uma dieta adequada para cada constituição física (prakriti). Neste caso, o objetivo seria utilizar substâncias que apresentassem sabores adequados capazes produzir uma estabilização de forças vitais que se encontrassem em desequilíbrio.

Um sabor tem efeito positivo sobre uma força vital (dosha) quando este entra em equilíbrio na presença da substância de tal sabor. Abaixo, temos a relação entre as três forças vitais (tridosha) e as seis classificações de sabores de acordo com a medicina da Índia antiga:

Vata
Efeito Positivo: doce, ácido e salgado.
Efeito Negativo: picante, amargo e adstringente.

Pitta
Efeito Positivo: doce, amargo e adstringente.
Efeito Negativo: picante, ácido e salgado.

Kapha
Efeito Positivo: picante, amargo e adstringente.
Efeito Negativo: doce, ácido e salgado.


Para Saber Mais:
Tha Pharmacology of Taste and Its Effects on Constitutional Type.
Em: http://www.doshabalance.com/articles/taste/intro_taste.html

quinta-feira, maio 11, 2006

As Propriedades das Substâncias


O emprego de diversas substâncias nas terapias curativas ou preventivas fez com que médicos hindus classificassem estas diversas substâncias e ervas de acordo com seis categorias gerais:

1-O Sabor (Rasa) da substâncias: Podiam ser subdivididas em seis sabores básicos: o doce, o salgado, o ácido, o amargo, o adstringente e o picante. Cada sabor é composto por dois dos cinco elementos.

2-A condição de cada substância após a digestão podia também ser expressa em termos de “Sabor Produzido pela Digestão” (Vipaka),. Nesta caso sua subdivisão só pode ser dar através de três sabores básicos: o doce, o ácido e o amargo.

3-As propriedades de cada substância (Gunas) podiam ser agrupadas em 10 pares complementares. Eram eles: pesado e leve; quente e frio; duro e suave; arrebatado e preguiçoso; oleoso e seco; estável e instável; viscoso e líquido; fino e grosso; liso e áspero; claro e escuro.

4-A Potência da substância (Virya) era definida através da sua capacidade de expressar sua propriedade. Por motivos práticos, é geralmente expressa pelos termos “quente” e “frio”.

5-A categoria “Propriedade Específica” (Prabhava) distinguia duas drogas que apresentavam mesmo sabor, potência e sabor pós-digestivo similares, porém com o foco de ação diferente. Por exemplo, o mel tem sabor doce, mas não agrava a obesidade (aumento de Kapha no Ayurveda) quando utilizado dentro dos conceitos ayurvédicos.

6-A Ação da substância no corpo (Karman) era definida através das três forças vitais (tridosha). Assim, uma substância aumentando ou diminuindo a concentração de um das forças vitais (doshas) no organismo.

Estas características não eram rígidas e variavam de substância para substância, de tempos em tempos e de lugar para lugar. De fato, uma mesma substância poderia ter diferentes classificações dependendo da época do ano e do local. Por este motivo, a dieta deve ser definida de acordo com a estação do ano, com a constituição individual e com a força vital (dosha) que está em desequilíbrio.

quarta-feira, maio 10, 2006

O Uso de Substâncias e a Prescrição de Dietas


Durante todo o processo de tratamento da medicina da Índia antiga, observa-se o uso sistemático de diversas substâncias assim como a prescrição de dieta como meio de resgatar o equilíbrio das forças vitais (doshas) presentes no organismo. Segundo o Ayurveda, o corpo, todos os alimentos e substâncias são compostos pelos mesmo cinco elementos: (terra, fogo, água, ar e éter). Desta forma, a ação das substâncias e dos alimentos prescritos através da dieta exerceria seus efeitos através de uma interação destes elementos exógenos com os elementos endógenos responsáveis pela origem das três forças vitais (tridosha) e que se encontram em desequilíbrio.

De acordo com esta concepção, o alimento é visto não apenas como provedor de matéria e energia, mas também capaz de impor ordem e equilíbrio entre as forças vitais. Cada tipo de constituição física requer uma dieta adequada e propícia, base para a saúde e a harmonia do corpo e da mente. Uma alimentação adequada é fundamental tanto no tratamento como na prevenção das enfermidades. Conseqüentemente, a prescrição de dieta tem papel-chave no processo de retomada de equilíbrio das forças vitais (doshas) no organismo.

A melhor forma de manter os doshas em equilíbrio, além de hábitos sadios, é através da alimentação. O princípio da alimentação é propiciar aqueles alimentos que reduzam o dosha em excesso e aumentem o dosha em deficiência. Uma boa dieta é a combinação correta dos alimentos que suprem os elementos vitais para o bem estar.

A medicina indiana antiga propõe cinco tipos principais de preparos farmacêuticos: suco extraído (svarasa); pasta ou pó (kalka); cozimento (Srta); infusão fria (Sita); e infusão quente (Phanta). Estas substâncias eram derivadas de três fontes: animal, mineral e vegetal.

Dentre as fontes minerais, temos o mercúrio, o arsênico e o chumbo. Apesar de estes metais serem considerados tóxicos, eles possuem grande importância dentro da cultura ayurvédica [1]. Por exemplo, o mercúrio era denominado como o “sêmen” de Shiva (Deus indiano que segundo a mitologia, rejuvenesceu).

As fontes vegetais são utilizadas em combinações de três a dez plantas. São utilizadas tanto para o consumo (na dieta) como na produção de óleos medicinais para a prática de massagens. Vemos o uso de alho, cebola, gengibre, açafrão, hortelã, coentro, noz-moscada, pimenta-do-reino, cravo, canela, gengibre e a erva-doce [2].

Dentre aqueles de fonte animal, há destaque para o mel, o leite e derivados, a bile, a gordura, o tutano, o sangue, a carne, a urina, a pele (incluindo membranas), o sêmen, os ossos, os tendões, os chifres, o cabelo, as unhas, e os cascos.

Segundo o Ayurveda, para uma boa digestão é necessário:
-Comer em um ambiente calmo e tranqüilo;
-Sentar-se tranqüilamente durante alguns minutos antes e após a refeição;
-Comer sempre sentado;
-Não comer quando estiver aborrecido;
-Evitar comer demais;
-Evitar as comidas frias e as bebidas geladas;
-Não falar enquanto mastiga;
-Comer em ritmo moderado;
-Não comer enquanto a refeição anterior não tiver sido digerida;
-Dar preferência às refeições preparadas com alimentos cozidos na hora;
-Não comer se tiver sede, não beber se tiver fome.


Referências:
[1] Para uma maior discussão sobre a toxicidade das substâncias ayurvédicas, ver:
http://jama.ama-assn.org/cgi/content/short/292/23/2868
http://staff.washington.edu/chudler/ayur.html
http://health.indiatimes.com/articleshow/msid-1444100,curpg-2.cms
http://www.layogamagazine.com/issue17/Departments/ayurvedfa.htm
http://www.loaj.com/articles/ayurvedic_metals.html
[2] Para maiores detalhes sobre o uso das plantas medicinais:
http://planetanatural.com.br/detalhe.asp?cod_secao=14&idnot=495
[3] Thatte UM, Rege NN, Phatak SD, Dahanukar SA. The flip side of Ayurveda. J. Postgrad. Med. 1993; 39:179-82,182. Em:
http://www.jpgmonline.com/article.asp?issn=0022-3859;year=1993;volume=39;issue=4;spage=179;epage=82,182a;aulast=Thatte

terça-feira, maio 09, 2006

Rasayana e a Terapia de Rejuvenescimento


A filosofia ayurvédica considera que uma boa saúde vai além da ausência de enfermidade. Também é necessário um cuidado com o fortalecimento do corpo para a manutenção da saúde. Como vimos, uma parte do tratamento se preocupa em aumentar a força vital da vida (ojas), tratamento este conhecido como Terapia de Rejuvenescimento, ou Rasayana, que literalmente significa “aumento de rasa” (fluido vital gerador dos tecidos).

Segundo o conhecimento indiano, a juventude se recupera através da reprodução dos processos espirituais relacionados com a origem da vida. A terapia do rejuvenescimento empregava técnicas respiratórias, meditação, yoga, banhos de sol e exercícios físicos como uma forma simbólica de simular este processo de criação. Além disso, empregava também a ginástica sexual, que não tinha o propósito de obtenção de prazer mas sim a reabsorção do sêmen pelo corpo como forma de prolongamento da vida e da vitalidade.

De acordo com a medicina indiana milenar, a terapia do rejuvenescimento pode ser subdivida em duas formas: Uma relacionada com técnicas mais breves geralmente empregada com pacientes que tivessem pouco tempo disponível. Este tipo de terapia envolvia também algumas mudanças de hábitos, assim como dieta. A outra forma terapêutica era mais complexa. O paciente era retirado de sua rotina por um determinado período de tempo. Ficava em observação por um especialista, sob um regime alimentar rigoroso, uma vez que esta terapia de rejuvenescimento só era possível após o processo de desintoxicação do corpo e da mente (descritos anteriormente).

segunda-feira, maio 08, 2006

A Psicoterapia Ayurvédica


O clínico médico (Ayurveda) reconhece duas formas principais de tratamento: a preservação da saúde no sujeito saudável e tratamento do enfermo. A busca do equilíbrio inclui, não só uma prática médica, mas também uma série de modificações no estilo de vida, como dieta, rotinas diárias, considerações climáticas e fatores mentais.

Além da mudança comportamental do estilo de vida do indivíduo, existe também uma preocupação na mudança do funcionamento mental a partir dos fatores psicológicos envolvidos na precipitação das doenças. Assim como o processo de purificação do corpo, esta abordagem, que poderia ser entendida como uma espécie de psicoterapia, teria o propósito de limpar o organismo das toxinas em um nível mental. Para promover este alívio mental, o sistema ayurvédico recomenda tomar consciência de aspectos negativos presentes na mente do paciente e assim tentar liberá-los. Por exemplo, diante do sentimento de raiva, seria necessário que o indivíduo tomasse consciência plena de seu estado emocional para que em seguida este sentimento possa desaparecer.

Da mesma forma que técnicas psicoterapêuticas atuais, esta psicoterapia ayurvédica (“Sattvavajaya”) utilizava também as estratégias de asseguramento (ashvasana); sugestão (samsuchana); persuasão (pratyayayana); orientação (nirdesana); educação e treinamento (prashikshana); modificação (parimarjana); hipnose (sammohana); dessensibilização (visamvedana); catarse (rechana); e satisfação (samtripti).

Referências:
[1] Subbarayappa, BV. The roots of ancient medicine: an historical outline. J. Biosci. Vol 26(2). Pp135-44 (2001).
[2] Appendix A. Ayurveda's History, Beliefs and Practices. Em: “Ayurvedic Interventions for Diabetes Mellitus: A Systematic Review” 2001.
Em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/bv.fcgi?rid=hstat1.section.95686
[3] Tripathi, KM. Indian Approach of Psychotherapy: Sattvvajaya – concept and application. National Conference on Yoga and Indian Approaches to Psychology (2001). Em: http://www.saccs.org.in/TEXTS/YAIAP/YAIAP-SUM/KMTripathi-sum.htm

Para Saber Mais - Associação entre a prática atual e o Ayurveda:
1-Psychotherapy for Trauma: A Three Part Holistic Approach. Em: http://www.ayurvedacentertn.com/pdfs/BountifulHealthTraumaArticle.pdf
2-Avasthi, A.Psychotherapy in India II Spiritual base for mental health. Em: http://www.tribuneindia.com/2001/20010411/health.htm

sexta-feira, maio 05, 2006

Os Cinco Processos Básicos de Desintoxicação (Panchakarma) e as Técnicas Paliativas (Shamana)

O tratamento se inicia pelo processo de purificação na qual as toxinas, físicas ou emocionais, são eliminadas e neutralizadas. Sem este primeiro passo não for capaz de produzir a cura total da enfermidade então o processo de desintoxicação e alívio físico das toxinas ocorre através dos Cinco Processos Básicos conhecidos como Panchakarma (pancha = cinco; karma = ato, processo). São eles:

  • Indução ao vômito (especialmente para desequilíbrio do dosha Kapha);
  • Uso de ervas purgativas ou laxantes (especialmente em desequilíbrio do dosha Pitta);
  • Uso de enemas com ou sem óleos (especialmente em desequilíbrio do dosha Vata);
  • Aplicação nasal de medicamentos (especialmente em desequilíbrio do dosha Vata);
  • Sangrias (especialmente em desequilíbrio do dosha Pitta).

O tratamento é geralmente precedido de massagem com óleo, inalação de vapores ou saunas terapêuticas para iniciar a desintoxicação. O processo visa eliminar a comida mal digerida (ama) e retornar ao bom funcionamento individual e manter a saúde.

Pode-se também empregar ervas medicinais no curso do tratamento. Neste caso, as ervas são, prescritas de acordo com o tipo de corpo do paciente, assim como na doença ou distúrbio do dosha que se sofre. Além disso, diversas técnicas paliativas utilizadas para reduzir a intensidade da doença e equilibrar as forças vitais (doshas) podem ser empregadas (Shamana); São elas:

Reacender o fogo digestivo (através dos medicamentos)

  • Queimar os restos tóxicos (ama)
  • Jejum
  • Observação da sede
  • Exercícios de Yoga
  • Banhos de sol
  • Exercícios respiratórios e Meditação

Referências:
[1] Subbarayappa, BV. The roots of ancient medicine: an historical outline. J. Biosci. Vol 26(2). Pp135-44 (2001).
[2] Appendix A. Ayurveda's History, Beliefs and Practices. Em: “Ayurvedic Interventions for Diabetes Mellitus: A Systematic Review” 2001.
Em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/bv.fcgi?rid=hstat1.section.95686

Para Saber Mais:
Basic Principles Of Ayurveda. Em: http://niam.com/corp-web/panchakarma.html

Fonte da imagem: http://perso.wanadoo.fr/ayur/index_fichiers/page12.html

quinta-feira, maio 04, 2006

  • O Tratamento Racional Ayurvédico
    O médico clínico (Ayurveda) apresenta dois focos principais de tratamento: a preservação da saúde no sujeito saudável e o tratamento do enfermo. Esta forma de tratamento procura estabelecer um equilíbrio entre as forças vitais (doshas) assim como melhorar a digestão, possibilitando a eliminação do alimento mal digerido (ama). A busca do equilíbrio inclui não só a prática médica mas também uma série de modificações no estilo de vida do sujeito, levando em consideração as condições climáticas e fatores mentais. Considera-se tudo que possa estar agindo sobre a saúde do paciente, incluindo atividades, a hora do dia e a estação. Em outras palavras, o paciente é visto como um indivíduo em constante relação com seu meio.

    Após a avaliação da constituição do paciente e da doença, estabelece-se uma série de tratamentos não invasivos, constituindo-se basicamente na administração de substâncias (ervas medicinais) com propriedades opostas àquelas da força vital (dosha) perturbada. Esse tratamento se dá a base de dietas e processos de desintoxicação. Também são aplicadas massagens, meditações, além de mudanças no estilo de vida para lidar com o estresse físico e emocional.

    O sistema médico ayurvédico aponta alguns passos que devem ser seguidos durante o processo de tratamento do indivíduo. São eles:
  • Procedimentos de purificação na qual as toxinas, físicas ou emocionais, precisam ser eliminadas e neutralizadas (Panchakarma);
  • Aplicação de diversas técnicas paliativas para reduzir a intensidade da doença e equilibrar os doshas desordenados (Shamana);
  • Uma Terapia de Rejuvenescimento para manter a saúde e reduzir os efeitos negativos da enfermidade (Rasayana).
    Atenção e modificação da natureza mental e espiritual das enfermidades (Sattvavajaya)


    Referências:
    [1] Subbarayappa, BV. The roots of ancient medicine: an historical outline. J. Biosci. Vol 26(2). Pp135-44 (2001).
    [2] Appendix A. Ayurveda's History, Beliefs and Practices. Em: “Ayurvedic Interventions for Diabetes Mellitus: A Systematic Review” 2001.
Em:

quarta-feira, maio 03, 2006



As Três Categorias de Tratamento:

Depois de estabelecida a constituição e a natureza do desequilíbrio através do processo de avaliação, o médico clínico (Ayurveda) busca trazer o indivíduo ao seu estado saudável de equilíbrio original.

Segundo Subbarayappa [1], após e diagnóstico existem três grandes classes de terapias:

“Terapia Divina” (Daiva Vyapasraya) – forma de tratamento mais antiga, baseada nos Vedas. Encarava a doença como sem uma origem conhecida e atribuía a causa aos resultados das ações anteriores em vidas passadas (karma). A cura seria alcançada através de orações, encantos, amuletos ou oferendas aos deuses relacionados. Ainda hoje, esta prática ainda acontece na Índia.

“Terapia Racional” (Yukti Vyapasraya Cikitsa) – A partir de Charaka (o que é Charaka?), ocorre a transição desta forma de tratamento baseado na fé para um tratamento mais racional [2]. O foco do tratamento não era mais agradar aos deuses, mas restaurar o equilíbrio das forças vitais (doshas) presentes no organismo. Esta segunda categoria de tratamento apresenta uma tentativa racional para a cura das doenças através do exame do paciente como um todo, através da avaliação de sua constituição física (prakriti).

“Psicoterapia” (Sattvajaya) – Termo designado pelo Charaka, que visualizou a importância dos fatores psicológicos na precipitação das doenças, representa uma abordagem objetiva do funcionamento mental e sua modificação, baseado nos princípios ayurvédicos [3].

Veremos mais sobre estes grupos nos próximos posts.

Referências:
[1] Subbarayappa, BV. The roots of ancient medicine: an historical outline. J. Biosci. Vol 26(2). Pp135-44 (2001).
[2] Chattopadhyaya, D. “Science and Philosophy in Ancient India,” em Marxism and Indology, de Chattopadhyaya (Calcutta; New Delhi: K. P. Bagchi & Company, 1981), pp. 231-262. Em: http://www.autodidactproject.org/other/chatto2.html
[3] Tripathi, KM. Indian Approach of Psychotherapy: Sattvvajaya – concept and application. National Conference on Yoga and Indian Approaches to Psychology (2001). Em: http://www.saccs.org.in/TEXTS/YAIAP/YAIAP-SUM/KMTripathi-sum.htm

terça-feira, maio 02, 2006



Antes, uma revisão rápida:

Como estavamos falando no antigo fotolog, o Ayurveda considera o universo composto da combinação de cinco elementos. Estes são: o éter ou vazio (Akasha); o ar (Vaya); o fogo (Tejas); a água (Apa); e a terra (Prithvi). Os cinco elementos podem ser vistos em todo universo comporto por matéria orgânica quanto inorgânica.

Nos sistemas biológicos, como nós, os elementos são codificados em três forças, que governam todos os processos vivos. Estes três forças (Kapha, Pitta e Vata) são conhecidas como os três doshas ou tridosha. Cada um deste doshas é composto por dois dos elementos (Vata = éter + água; Pitta = fogo + água; Kapha = água + terra). O tridosha regula cada processo fisiológico e psicológico dos organismos vivos. A relação entre eles determina as qualidades e condições individuais (prakriti).

Estas três forças vitais (doshas) se encontram espalhados pelo organismo em seus sete tecidos (dathus). Os dhatus são responsáveis pela estrutura geral do corpo e mantêm as funções dos diferentes órgãos. Além disso, temos uma rede de 14 tipos de canais (srotas), que permitem ao indivíduo a comunicação interna entre os diversos tecidos e uma ligação ao mundo exterior. Os excessos do organismo são eliminados na forma de três excreções (malas). Além deste sistema material, o indivíduo é formado também por um outro sistema de natureza imaterial, por onde a energia vital (prana) percorre através de canais energético (nadis) e se concentram em determinados pontos (chakras).

Um estado harmonioso das três forças vitais (tridoshas) e um perfeito funcionamento dos tecidos e do sistema de eliminação dos excessos permitem um equilíbrio do organismo e conseqüentemente um bom funcionamento. Por outro lado, desequilíbrios nestes sistemas pode levar à ocorrência das mais variadas doenças.

Partindo deste princípio, todo processo de diagnóstico de uma doença é feito para que se possa ter uma visão geral não só da doença, mas também do paciente e dos fatores que levaram ao desequilíbrio do organismo. A partir deste diagnóstico, o tratamento irá buscar novamente o equilíbrio. Como isso é feito, é o que veremos a seguir.


Mais uma vez, um novo recomeço.
Fruto de um estudo sobre a História das Neurociências, este Blog surge como continuação de um trabalho desenvolvido desde o início do ano sob a supervisão do Prof. J. Landeira em um fotolog ( http://fotolog.terra.com.br/landeira que posteriormente mudou para http://fotolog.terra.com.br/fscastro ) e que procuraremos da continuidade aqui. Acredito que desta vez, viemos para ficar.
De fato, este blog pretende contar um pouco das histórias que marcaram o desenvolvimento das neurociências e o estudo das relações entre mente e cérebro, desde a pré-história até os dias atuais. Uma pequena parte de nossa jornada já foi explorada nos antigos fotologs, mas para facilitar a vida de todos, uma lista com o link dos antigos posts se encontram em (http://fotolog.terra.com.br/fscastro:1 ) .
Aos antigos visitantes: obrigado pela compania e continuemos com nossa jornada. Ainda há muito pela frente.
Bem-vindos ao “Neurociências em Retrospectiva”.